quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Carta 6 (Re-resp)

Lulis
É por aí.
Sabe, acho que você leva jeito pra coisa.Teoria da Relatividade...
Eu nem queria estar no quadrado dela.Ela que mandou essa pergunta bizarra, e logo mostrou que era a rainha dos quadrados.Se existe quantificação de quadrado mais f., com certeza é do dela !
Mas na verdade, na hora eu só pensei duas coisas:
Primeiro, se aquele cérebro praticamente um "Pentium Centrino Hard Core 3 Duo Extra Pro", trabalhando em 800 Tarahertz(?), um dia será remunerado na mesma proporção.Merece.
E outra : Deus nos livre dessa cabecinha ser utilizada para o mal...ia ser coisa de bomba atômica pra cima.
E aí, não vai sobrar quadrado é pra ninguém !
Pierre

Carta 6 - (Resposta) Teoria do quadrado

Querido Pierre,

é bom conversar com pessoas inteligentes pois isso nos faz buscar a nossa superação pessoal. Você voltou a estudar?! Que inveja...

Eu não entendo p. nenhuma de física, mas o que me veio à mente neste momento foi Einstein. Digamos que para responder à situação que você passou, eu tive que pesquisar um pouco. Apliquemos a esta cena a "Teoria da Relatividade":

Você queria estar em outro quadrado, tomando-se neste momento a sala de aula como um quadrado. Eu, por outro lado, já observo de forma diferente. Você ESTAVA no seu quadrado, que era a sua cadeira. Aí, tentou entrar no quadrado da suposta "burrinha". Isso aconteceu no momento em que você julgou que ela estivesse no mesmo nível de incompreensão que você, ou seja, os dois no mesmo quadrado. A garota fez uma pergunta inteligente e você se f... Ou seja, na minha opinião, se você tivesse ficado no seu quadrado, isso não teria acontecido. Como não ficou, eu diria para você:

"ADO, ADO, ADO"! (Imagina agora a dança do Matrix)!

Agora por favor me corrija se eu tiver usado a teoria errada. Lembro que uma vez eu vi um livro de gravuras que começava por exemplo num avião. Aí a página seguinte mostrava o avião dentro de um selo, depois o selo na carta, depois a carta em cima da mesa... bom, até que chegava nas galáxias. Tem outro nome para isso?

Beijos,
Lulu

Carta 6 - Aula

Lulu

Comentei com você que eu voltei estudar? Pois é... acontece de tudo!

Dia desses, aula rolando, eu lá quase sem entender nada, mas com cara de inteligente, dando aquela balançada de cabeça concordando com tudo, porque o que vale nesse momento, é parecer que tá entendendo e ainda, dar a entender que o assunto está interessante.

Mas é aí que uma coleguinha levanta o dedinho e pergunta:
"Professor. Essa equação poderia ser utilizada então no caso das moléculas do vidro onde a densidade....".

Nesse momento me bateu aquele alívio tipo - "putz, tem alguém mais perdido que eu..."
Mas aí, emenda o educador, gritando: "EXCELENTE PERGUNTA, MINHA FILHA!!!!!!!"

Nesses momentos é que você consegue enxergar a beleza dessa canção "Cada um no seu quadrado...", tipo, não deveria eu estar em outro quadrado nesse momento????
Aí é sacar o celular, e sair de fininho pra atender aquela ligação urgente..., certo?

Pierre

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Carta 5 - (Resposta) Sair do armário

Lulu,

Assunto polêmico e que eu domino pouco, ou quase nada.
Bom, preconceito eu nunca tive. Sempre os tive como pessoas iguais só diferenciadas pela opção sexual. No mais, não tô nem aí pras diferenças.
E a seguinte situação: colega meu, que nunca esteve no armário, gay assumido, mas que não dava a menor pinta que era.
Aí vem uma amiga me pedindo de todo jeito pra ser apresentada a ele, porque estava apaixonada.
Pô na minha cabeça eu nem queria dar a notícia a ela, e sei lá também se o cara resolve mudar... bom, depois dela muito insistir, falei o seguinte:
"Olha só: sabe batalha naval? tipo assim: F-12... água...". Ela ficou me olhando e disse: "Mesmo assim. Me apresenta que eu não acredito!"
Quer dizer, esse negócio do disfarce, aí já acho que vai do lado artista de cada um. Uns fazem bem, outros mal, outros nem fazem.
De qualquer forma, acho que pra sair do armário e enfrentar o preconceito da sociedade, o cara tem que ser muito macho.
(Mas pera aí: sendo muito macho, já não teria que sair, ou que ter entrado no armário, sei lá...)

Pierre

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Carta 5 - Sair do armário

Dear Pierre,

vou falar agora de um assunto polêmico. Você me conhece, sabe que eu sou uma pessoa viajada, bem informada, socialmente ativa e que naturalmente sempre tive amigos gays e convivi muito bem com eles. Admito que apesar de ter diminuído bastante o preconceito deve ser difícil pra caramba assumir. Mas me pergunto: se a pessoa quer disfarçar, porque assume atitudes clichês? É como disse Mauro Rasi no seu livro de crônicas: "Eu, minhas tias, meus gatos e meu cachorro":

"...depois ficam como esses gays que não saem do armário, e quando se apaixonam dizem que estão namorando uma pessoa"

Não é que é verdade? Conheci pelo menos 2 gays (não assumidos) que vinham com essa de que namoravam "uma pessoa". E isso, com pronúncia de "pêssego", sabe? Será que eles ou elas não se tocam da mancada?

Se é para disfarçar, então que disfarce direito... Ou que assuma de vez.

Lulu

Carta 4 - (Resposta) Seres estranhos

Pierre,

eu diria o seguinte: no quesito "cara de conteúdo em conversas toscas", você levou o troféu de ouro! Fala sério que o cara disse que acessava a internet da cabeça dele? E o amigo perguntando do osciloscópio? Acho que eles estavam unidos por um fio terra, isso sim! Pois convenhamos: já é mal o cara dizer que foi abduzido, aí encontra outro maluco que se interessa pelo assunto e vai tentar achar uma maleta para ele?

Bom, brincadeiras a parte... Já andei cruzando com uns tipos desses por aí também. Teve aquela vez na faculdade; tinha um cara lindo, alto, moreno, inteligente (o que eu achava até então). Certo dia, no intervalo entre uma aula e outra, puxei um assunto com ele. O fato é que a conversa descambou para uns papos desses, de extra-terrestres, nem sei como. E aí, não satisfeito em falar de E.T.s, ele ainda emendou num assunto de seres "intra-terrestres" (acho que era isso). Fiquei olhando para aquele rosto lindo e pensando, sem acreditar na cena, que não batia a embalagem com o conteúdo. Se eu fosse homem, "ia nele" assim mesmo, pois como diz um amigo meu, basta ter peito ou bunda para ser gostosa. Mas como não era, dei um jeito de vazar e de nunca mais conversar com o cara, que depois descobri ser pirado mesmo. Dá para acreditar? Num curso de Economia?

Lulu.

Carta 4 - Amigo 3G

Luluzinha.

Por falar nessa galera do passado, senta que essa é boa.
Estava lendo o noticiário e me deparo com a foto daquela maleta da CPI dos grampos, que era pra fazer investigações sobre grampos telefônicos mas, dizem, foi usada justamente pra grampear ligações, sei lá.
Viu isso no jornais? Então guarda a maleta.
Há alguns anos um colega de trabalho me procurou pra saber como funcionava um monitor de computador,a formação das imagens, etc...
Gastei um tempo explicando as linhas horizontais, canhão de elétrons, os pixels etc... e, quando estava quase terminando, o cara faz a seguinte pergunta:
"É possível simular um osciloscópio em um monitor de computador?"
Aí senti que a coisa tava enrolando....E segue a figura...
"-Que é o seguinte : um amigo meu diz ter sido abduzido (*) e que, na nave alienígena, ele viu diversos aparelhos iguais a monitores de computador, mas com a imagem de osciloscópios, e eu estou investigando isso".
Aí tive que fazer uma longa pausa pra absorver a história.
Tome seu tempo aí também pra gente prosseguir.
Lembra da maleta. Pega ela porque agora vem a melhor parte.
O cara me perguntou se existia algum aparelho, como a tal maleta, pra dar tipo uma varredura no amigo dele e ver se havia entrada e saída de sinais, ondas, dados,... porque o abduzido, após a abdução, dizia estar acessando a internet, diretamente pelo cérebro...
Com essa, eu só pensei no tempo que eu perdi explicando o funcionamento do monitor e sugeri que, talvez, um raio-x fosse suficiente para identificar chips e placas possivelmente implantados no abduzido!

Pierre

* Abdução - A abdução consiste de um rapto ou sequestro de seres humanos por seres alienígenas conduzidas que são ocupantes de discos voadores (Wikipedia)




A maleta, o osciloscópio e EU.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Carta 3 - (Resposta) Ascensão e queda

Pierre querido,

também adoro um Orkut. Mas devo confessar-me um pouco frustrada com ele. No meu caso, o que aconteceu foi que reencontrei muita gente mas ficaram assim, todas ligadas virtualmente, sem encontros reais.

Divagando sobre reencontros 20 anos depois, preciso dividir a pérola que ouvi certa vez: "A pior coisa é estar no seu auge na adolescência. Quando você atinge o auge, a tendência é só queda. Melhor é ser "mais ou menos", até um pouco feinho, porque você tem chance de chegar ao seu auge quando adulto". A pessoa que dividiu esta sabedoria, jurou ser de autoria própria.

E sobre queda ainda, lembro-me que no colégio, época de "Menino do Rio", vários rapazes adotaram o estilo André di Biase, exibindo suas longas e loiras (parafinadas) madeixas de surfista. Óbvio que estes eram os garotos mais populares do colégio, cobiçados por todas as meninas. Eis que nem tanto tempo depois, eu diria que apenas uns 8 anos, reencontrei um desses "deuses" loiros e na verdade, nem o reconheci. Identifiquei pelo nome que me disseram, pois não é que o coitado estava praticamente careca???

C'est la vie...

Lulu (20 anos mais gorda)

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Carta 3 - Orkut e reencontros

Dear Lulu

Como você sabe, adoro a Internet.
Uma das coisas que mais gostei recentemente foi poder encontrar amigos do passado que, não fosse a Internet e mais especificamente o Orkut, eu nunca mais teria encontrado.
Eis que surgem agora convites de comemorações de 10 anos de formatura disso, 20 anos da turma daquilo,30 anos da turma da rua tal, etc...
É claro, a cada convite bate uma curiosidade natural de saber como o pessoal está, certo?
Errado, nem todo mundo é assim. Já estava me preparando pra ir num desses encontros quando bate aqui um e-mail de um amigo com um ponto de vista que, no mínimo, deve ser apreciado.
Repare :
“Pô Pierre , que encontro o quê?!
Quem era chato tá 20 anos mais chato, quem era baranga tá 20 anos mais baranga, quem era viado tá 20 anos mais viado... que eu vou fazer numa porra dessa ?????”
Bem, fui nesse e constatei que, em 80% dos casos, e aí me incluo por estar 20 anos mais careca, ele tinha razão !
Pierre

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Carta 2 - (Resposta) Fashion Brazil

Querido Pierre,

adorei a passagem biográfica da Carmem Miranda. Acho que sobre biografias, você tem muito a me contar.

É verdade que temos muito ainda para mostrar e provar. Mas deixemos de ser tão pessimistas. Nas minhas andanças mundo afora, percebi que nosso querido país começou a mudar esta imagem tupiniquim. Brasil agora é "fashion". Exportador de "super models" e craques de futebol. Terra de "Havaianas" e "Melissa", vendidas nas lojas mais descoladas dos EUA. Nosso churrasco é conhecido e cultuado no mundo inteiro. Churrascarias gaúchas se expalham nas principais capitais americanas. Comentários maldosos de jogadores franceses, à parte, a Europa AMA os jogadores brasileiros. Ronaldinho, Cristiano Ronaldo, Roberto Carlos, enfim... Até parece que o cara que fez o comentário estava tão preocupado com os problemas sociais brasileiros... Para ele eu diria:

"Inveja é uma merda, mon chère".

Deixemos que tudo isso seja o nosso marketing pessoal. Até que o mundo descubra o verdadeiro valor brasileiro.

Lulu

Carta 2 - Selva Antiga

Querida Lulu,

Concluí que nossas observações são apenas mais alguns registros que vêm se acumulando ao longo dos anos sobre o status de selva do Brasil. Parece-me que, após a carta de Pero Vaz de Caminha em 1500, nenhum outro relato foi passado ao hemisfério norte.

Veja você, por exemplo, o que rolava com uma cantora em 1936, 37...:

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Turistas franceses que a abordaram em Buenos Aires para perguntar se era verdade que havia cobras soltas nas ruas do Rio.
"É verdade. Tanto que na Av. Rio Branco, há uma calçada só para elas e outra para os pedestres".
Outra variante para a pergunta era:
"O que você faz quando cruza com uma cobra em Copacabana ?"
E para esta, uma obra-prima de resposta:
"Se for uma cobra conhecida, eu cumprimento."
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Taí, Carmem Miranda! (trecho extraído da sua Bio, pg.143)

Com essa, não pude deixar de imaginar você com um chapeuzinho cheio de bananas, mangas, abacaxis,... tacando o seu: "Yeah, plenty!"

Pierre

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Carta 1 - (Resposta) Selva Brasileira

Querido Pierre,

neste mundo globalizado de internet, aeroportos lotados, alta tecnologia, banda larga, TGVs, o que mais me impressionou na narrativa da sua notícia, foi a velocidade. Fiquei tentando imaginar a cena, onde um reboque (provavelmente caquético) leva uma Kombi, igualmente caindo aos pedaços e consegue ser bloqueado por um Chevette. Fiquei perdida entre os 10 anos atrás da história do Canadá e o presente. Por um breve momento, pensei: será que esta notícia é de hoje ou de 20 anos atrás? Bandidos, Chevettes, acho que nada mudou...

Comigo passou algo parecido. Conheci, durante um curso nos Estados Unidos, um americano do Bronx, daqueles bem "italianos", sabe? Quando contei a ele que eu era brasileira, imediatamente ele me confessou que adoraria conhecer o Rio e suas praias. Em seguida me perguntou:

- Is it too dangerous to go into water? Are there many "piranhas"?

Ao que eu, cansada, retruquei:

- Yeah, plenty!


Lulu

Carta 1 - Rio - Cidade Maravilhosa

Querida Lulu,

Eu queria hoje escrever contando coisas sobre Paris, onde estou agora, mas a Internet traz notícias do Rio que me fazem lembrar o passado. Histórias...ou estórias...?

Há uns 10 anos fiz um curso no Canadá e lá pelas tantas um dos alunos comentou que, ao dizer pro filho que tinham brasileiros no curso, o canadensezinho pediu que ele tirasse umas fotos pra ver como eram eles. Obviamente procurei alucinadamente por uns cocares, arcos, flechas, penas, etc... mas, sem sucesso, acabou que o canadensezinho deve ter ficado decepcionado ao ver que eu era branquinho e lourinho, como ele. Mas fiquei puto! Pô, o moleque tava achando que isso aqui é uma selva geral! (naquela época eu ainda morava no Rio). Mas aí, dez anos depois, abro o jornal e leio uma notícia dizendo que bandidos teriam recuperado uma Kombi apreendida que estava sendo recolhida a um depósito, com o detalhe que, na ação, o reboque foi fechado por um Chevette, vejam vocês,um Chevette! Tá tudo lá no jornal. O nome do sujeito, a placa da Kombi, tudo. Aí eu pergunto: não teria sido melhor levar o reboque também? Já que não há lei, polícia e nada acontecerá, além de ser mais valioso, vai que a Kombi ou o Chevette enguiçam? Já tem o reboque pra salvar, certo? Outra: o canadensezinho, tinha ou não tinha razão? É uma selva ou não é?!

Pierre